A ditadura equatoguineana continua acrescentando capítulos de loucura e abuso. Agora, a Ordem dos Advogados da Guiné Equatorial anunciou a inabilitação temporária do advogado Anjo Obama Obiang Eseng por uma mera questão política. Já em Abril, a Ordem dos Advogados de Paris tinha enviado um relatório ao Alto Comissariado para a Revisão Periódica Universal das Nações Unidas, criticando o preconceito da Ordem dos Advogados Equatoguineense, a sua falta de formação prática e conhecimento teórico dos responsáveis pela administração dos A justiça guineense e os riscos do exercício da advocacia no país africano.
A resolução sancionatória número 64/024 do Colégio proibiu eseng exercer a advocacia e forçou-o a fechar seu escritório de advocacia. A entidade que reúne os advogados arguidos eseng de estar vinculado à organização civil não legalizada Somos Más e de defender os direitos dos seus membros, alegação que mais parece uma estratégia para silenciar um advogado comprometido com os direitos humanos do que uma verdadeira causa jurídica.
Anjo Obama Obiang Eseng, além de secretário executivo de Relações Institucionais do Partido da Convergência para a Social Democracia (CPDS), tem defendido os anoboneses sequestrados, presos em julho passado por se manifestarem pacificamente contra as explosões causadas pela empresa SOMAGEC, em San Antonio de Pálido. Este questionamento das práticas abusivas da ditadura do Teodoro Obiang Nguema Mbasogo Evidentemente, tem sido demasiado desconfortável para o regime, que não tem demorado a agir de forma violenta para abafar qualquer voz dissidente.
A Ordem dos Advogados, na sua resolução, demonstrou absoluto desdém pelo devido processo. De acordo com a Lei do Procedimento Administrativo número 1/2014, as sanções devem ser claramente delimitadas pelos regulamentos e as medidas adotadas neste caso não parecem estar em conformidade com estes regulamentos. O artigo 137 da referida norma estabelece que as medidas cautelares devem estar previstas nas leis que regulamentam o procedimento sancionatório, não estando prevista no Estatuto da Ordem a suspensão temporária do exercício da advocacia, bem como o encerramento do escritório. .
Neste quadro, a comunidade internacional começa a prestar atenção. O relatório do Paris Barreau, enviado ao Alto Comissariado das Nações Unidas, denuncia a falta de independência da Ordem dos Advogados da Guiné Equatorial e critica o sistema de justiça guineense. Este relatório observa que o Colégio não só carece de democracia interna, como também não realiza eleições há mais de duas décadas, sublinhando a corrupção do regime e o controlo absoluto sobre as instituições legais.
A desqualificação de Anjo Obama Obiang Eseng constitui mais uma peça no xadrez da repressão equatoguineense. A situação na Guiné Equatorial não é apenas uma triste demonstração da falta de respeito pelos direitos fundamentais, mas também um lembrete da necessidade urgente de solidariedade e apoio para aqueles que lutam pela justiça em condições tão adversas.