Boa tarde aos nossos colegas e amigos da Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil e a todos os que nos acompanham ao redor do mundo. Recebam nossas saudações fraternais.
Hoje, 12 de outubro, recordamos um acontecimento doloroso: há exatos 57 anos, a cidade de Annobón foi anexada, sem qualquer consulta ou consideração, à recém-criada República da Guiné Equatorial. Desde então, Vivemos sob um sistema que herdou e aprofundou práticas coloniais: subordinação, pilhagem, escravidão, discriminação, ódio étnico, sequestros, deportações, violações de direitos humanos, abuso infantil, despejo de lixo tóxico, abandono, isolamento e falta de comunicação com o mundo exterior.
De vítimas de um poder colonial que nunca investiu em nossa educação ou desenvolvimento, fomos subjugados por novas elites tribais que introduziram a crueldade, a fome e a miséria como instrumentos de opressão e extermínio contra o povo anobonês.
Hoje é um dia triste para Annobón, mas também um dia que nos lembra da resiliência do nosso povo: sua capacidade de sobreviver a epidemias e doenças tropicais, seu respeito pelos outros, seu diálogo diante das diferenças e a força de uma identidade cultural que nenhuma arma pode destruir.
Por isso, apelamos à comunidade internacional, às instituições e organizações, e a todas as pessoas que acreditam na liberdade, para que se juntem à nossa causa. Cinquenta e sete anos de ditadura colonial negra colocaram em risco a existência do nosso povo, a nossa língua, cultura, religião e identidade. Mas hoje não estamos mais sozinhos: o mundo está começando a ouvir nossa voz e reconhecer que somos seres humanos, pessoas com direitos, um povo capaz de dirigir seu próprio destino e viver em paz.
A autodeterminação é nosso direito inalienávelComo povo indígena da Ilha Annobón, exigimos soberania e liberdade sobre nosso território ancestral, que é nossa terra sagrada, nossa fortaleza e o lar de todas as crianças desta ilha.
Com o seu apoio, alcançaremos o reconhecimento como Estado, alcançaremos o desenvolvimento e o progresso, construiremos infraestrutura básica e recuperaremos nossa dignidade. Confiamos nas instituições internacionais, nos povos livres do mundo e nas forças espirituais de Annobón para alcançar nossa liberdade, com respeito, solidariedade e vida.
Ambos Legadu, Ambos Legadu, Ambos Legadu.
Muito obrigado.
Lagar Orlando Cartagena
Primeiro ministro
República de Anobon




