Esta manhã, anoboneses exilados na Europa, no Reino Unido e nos Estados Unidos manifestaram-se diante da Embaixada da Guiné Equatorial em Madrid e, posteriormente, no Congresso dos Deputados do Reino de Espanha. Através desta iniciativa, convocada em resposta às crescentes violações dos direitos humanos na ilha de Annobón, foi solicitada a intervenção da comunidade internacional para deter a perseguição enfrentada por este povo africano.
Às 10.15hXNUMX, os manifestantes começaram a se concentrar em frente à Embaixada, onde foi entregue uma carta destinada ao presidente. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo que exigia o fim das violações dos direitos humanos e a libertação imediata dos anoboneses detidos pelo simples facto de protestarem contra o uso de dinamite na ilha de Annobón.
Em poucos minutos, o grupo ultrapassou quarenta pessoas. Com faixas e slogans, o grupo dirigiu-se ao Congresso dos Deputados, onde entregou um manifesto e uma carta dirigida ao Governo de Espanha e à comunidade internacional.
Num gesto simbólico, os manifestantes fotografaram-se de costas com as mãos cruzadas atrás das costas, imitando a postura dos detidos durante as violentas operações em Annobón. Esta imagem, carregada de significado, procura tornar visível a repressão e o medo com que vivem os habitantes da ilha.
Leitura do manuscrito
Durante o protesto foi lido um manuscrito que denunciava as décadas de abandono e repressão sofridas pela população de Annobón. O texto descrevia detalhadamente como, desde 1988, a ilha tem sido utilizada como depósito de resíduos tóxicos, causando um desastre ambiental e uma crise humanitária. Da mesma forma, denunciou a recente intensificação da repressão desde 18 de julho deste ano, que resultou em 42 detenções, deportações e desaparecimentos forçados. Dos detidos, 26 continuam desaparecidos e 11 estão presos na temida prisão de Black Beach.
“Annobón suportou décadas de abandono e repressão por parte dos regimes que governaram a Guiné Equatorial, infligindo graves violações dos direitos humanos à sua população”, disse um dos porta-vozes. Além disso, destacou a situação crítica da ilha, onde não existem serviços básicos como água potável, hospitais ou escolas, e onde a pobreza extrema é a norma.
Carta ao Congresso: Intervenção e reconhecimento da soberania
Após a leitura do manuscrito, os manifestantes dirigiram-se ao Congresso dos Deputados, onde entregaram uma carta na qual imploravam à Espanha, como antiga potência colonial, que assumisse a sua responsabilidade histórica e moral para com o povo de Annobón.
A carta pedia ações concretas, como pressionar o regime da Guiné Equatorial para pôr termo às violações dos direitos humanos, interceder junto de organizações internacionais para investigar estes crimes e fornecer proteção aos exilados anoboneses. Finalmente foram solicitadas audiências por escrito com o chefe do Congresso Francina Armengole o presidente espanhol Pedro Sánchez, para discutir o reconhecimento da independência da República de Annobón.
«O povo de Anobon não pode mais suportar mais sofrimento. A nossa sobrevivência está em jogo e pedimos à Espanha e a toda a comunidade internacional que não fiquem indiferentes à nossa situação”, declara a carta assinada pelos representantes do povo anoboneso no exílio.