Annobón enfrenta uma situação de saúde crítica que pode desencadear uma grande emergência de saúde pública. Sob o regime de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, as condições de vida na ilha deterioraram-se a níveis alarmantes, pondo em perigo a vida dos seus habitantes.
Como resultado do isolamento a que está sujeito há mais de um mês, a situação em Annobón piorou enormemente, não só no que diz respeito à falta de alimentos e à fome que abala o povo anoboneso. Agora, a raiz do problema está na qualidade da água que o regime fornece à população. Segundo denúncias dos próprios moradores, a água está estagnada, contaminada e carregada de impurezas, ainda pior do que antes, quando uma idosa da comunidade expôs essa situação diretamente ao Obiang durante uma grande reunião em 2022. Nada foi feito desde então e a crise aprofundou-se.
Atualmente, os altos funcionários do regime, da etnia Fang, optaram por consumir exclusivamente água mineral importada do continente, enquanto os habitantes de Annobón são obrigados a consumir água contaminada. Este acesso desigual a recursos essenciais, como a água potável, evidencia uma profunda negligência da população local, o que pode ter consequências devastadoras.
A falta de acesso a água limpa e segura aumenta significativamente o risco de surtos de doenças infecciosas, como a cólera. A memória colectiva dos Anoboneses ainda está marcada pela epidemia de 1973, que provocou a morte de mais de quatrocentas pessoas num curto período. Hoje, o receio de que a história se repita é real e justificado, dado o estado actual dos serviços de saúde na ilha.
Além da crise hídrica, a situação é agravada pela presença de militares do regime, que, segundo testemunhos locais, estão envolvidos no fornecimento e consumo de estupefacientes proibidos. Estes militares, frequentemente observados em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas, representam uma ameaça constante para a população, contribuindo para um ambiente de insegurança e deterioração social.
A chegada desordenada das famílias Fang a Annobón, sem planeamento adequado ou habitação digna, agravou a situação. A ilha carece de um sistema de saneamento adequado e a prática comum de fazer necessidades ao ar livre nas florestas e praias tornou-se insustentável com o crescimento descontrolado da cidade e a presença de forças militares. A acumulação de lixo, fezes e outros resíduos em áreas públicas, especialmente no mercado, está a criar um foco de infecção que põe em risco a saúde de toda a comunidade.
A falta de acesso a medicamentos essenciais e o aumento da poluição aumentam o risco de uma grave crise de saúde. Os habitantes de Annobón, habituados a manter elevados padrões de limpeza para prevenir doenças, enfrentam agora uma situação em que a sua própria sobrevivência está em risco devido às condições insalubres e à inacção do regime equatoguineense.
A situação em Annobón não representa apenas uma crise sanitária iminente, mas também uma ameaça maior à estabilidade social e à sobrevivência da sua população. A percepção de um possível genocídio ou limpeza étnica por parte do regime de Obiang, apoiado pela actividade da empresa SOMAGEC na ilha, está a alimentar um clima de medo e desamparo entre os Anoboneses.
Dada esta situação crítica, é imperativo que a comunidade internacional e as organizações de direitos humanos prestem atenção imediata ao que está a acontecer em Annobón. As vidas de milhares de pessoas estão em risco e o tempo para evitar uma catástrofe sanitária e humanitária está a esgotar-se rapidamente.